Sobre Mim - Autobiografia
Nasci em Beja, uma localidade que fica aproximadamente a 14km de distância da casa dos meus pais, Cabeça Gorda é o nome da aldeia onde os meus pais e o meu irmão viviam. O meu pai José Pereira Bento, na altura trabalhava, como servente de pedreiro nas redondezas, a minha mãe Elvira da Silva Dias Gonçalves era doméstica como muitas mulheres, apenas cuidava da casa e do filho, o meu irmão Jorge da Silva Pereira já com 3 anos de idade.
Vim ao mundo em 1987, mais concretamente no dia 19 de Fevereiro. Embora o meu irmão tivesse preferência por um irmão e de cor preta, para poder jogar com ele ao pião, saiu-lhe uma menina.
O meu nome, Sandra da Silva Pereira, foi escolhido como mandava a tradição, pelos padrinhos de baptismo, que, por curiosidade, foi o mesmo que o da madrinha, que tamanha originalidade!
Segundo as memórias da minha mãe, sempre fui uma bebé muito birrenta e irrequieta, nada a ver com o seu primeiro filho.
Durante a minha infância recordo-me apenas de alguns momentos; quando tinha 6 anos, durante uma brincadeira, caí e fraturei o meu braço esquerdo, sendo necessária uma intervenção cirúrgica. Após essa cirurgia algumas das minhas memórias foram desaparecendo, dizem alguns especialistas, que poderá ter sido devido à anestesia geral. Recordo-me das brincadeiras na rua, de brincar aos professores e alunos, às escondidas, etc.
Entrei em 1994, com 7 anos para a escola, sempre frequentei a escola da aldeia até não existir maior grau de escolaridade e aí tive de ir estudar para a cidade. Foi uma grande mudança que teve impacto nos meus hábitos diários, pois passei a ter mais responsabilidades. Com apenas 13 anos tinha de acordar muito cedo para apanhar o autocarro e ir para uma cidade que me era desconhecida. Sei agora que era apenas uma criança e dos perigos que corria, pois estava habituada a ir para a escola a pé, ir almoçar a casa, numa aldeia onde todos se conheciam e agora estava a conhecer outra realidade.
Sempre tive boas notas, era uma aluna exemplar, passei em todos os anos, em 2002, com 15 anos acabei a escolaridade mínima obrigatória, que na altura era o 9º ano.
Os meus pais tinham poucas posses económicas, mas mesmo assim conseguiram manter-me a estudar, comecei a frequentar o ensino secundário em 2002, e foi aí que as coisas começaram a mudar de rumo, pois comecei a faltar às aulas, a andar com “más companhias” e a pensar nos namoros.
Como seria de esperar não passei de ano, mas também não estava preocupada com isso, estava mais preocupada com o cabelo, a roupa, o perfume, etc. … coisas de miúdas!
Em 2003, com 16 anos, fugi da casa dos meus pais, pois estes não autorizavam que saísse com amigos, que namorasse e por aí …. Juntei-me com um rapaz mais velho, tinha ele 22 anos, morava em Beja e de seu nome Hélio Rodrigues.
A partir do momento que tomei essa decisão a minha vida mudou drasticamente, comecei a ter mais responsabilidade, coisa que não sabia que existia, tornei-me adulta “à força”, mas essa foi a minha escolha.
Fui “obrigada” a largar os estudos para poder começar a trabalhar e a ajudar nas despesas de casa, pois apenas ele trabalhava.
Começámos a criar o nosso espaço e a nossa vida em conjunto. O que sou hoje aprendi com os meus próprios erros, pois a vida não tem apenas aspetos positivos e muito do que sei aprendi com o meu companheiro.
Os meus projetos para o futuro são terminar os estudos, pensar em ser mãe, pois estão a chegar as 28 primaveras este ano e já está na altura de dar esse passo. Pretendo arranjar, mais tarde, um trabalho para poder dar um bom futuro à minha família. Tive uma infância rica em muitos aspetos e uma educação muito boa, gostava de dar ao meu filho o mesmo ou mais do que aquilo que tive.